O artefato estará em exposição a partir de novembro e será uma das peças centrais da mostra sobre o passado militar e colonial da região.
Um terçado de origem francesa, datado de 1831, se tornou parte do acervo do Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva, em Macapá. A peça rara foi descoberta por dois moradores durante um passeio às margens do Rio Calçoene, próximo à Ponte das Sete Ilhas, em outubro de 2024. Enterrado parcialmente, o objeto chamou atenção por seu formato incomum, semelhante a uma espada de lâmina curta e larga, com punho ornamentado.
Os dois moradores procuraram a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Amapá, que assumiu a custódia do achado e iniciou os estudos técnicos. A análise identificou a arma como um terçado de infantaria francesa, modelo inspirado em um gládio (espada curta).
“Um terçado é um tipo de arma branca, semelhante ao sabre, muito usado durante o Brasil Colônia e Império. Sua origem está na necessidade de armar tropas para combates corpo a corpo”, explica Adler Romero Fonseca de Castro, historiador do Iphan e responsável pelo parecer técnico. Segundo ele, o modelo encontrado data de 1831 e teria sido usado por tropas francesas.
Mas como um artefato militar europeu foi parar no interior do Amapá? A explicação pode estar na história da própria região. Entre o século 19 e o início do século 20, o atual território de Calçoene foi cenário de disputas entre França e Brasil. Para técnicos do Iphan, é provável que o terçado tenha pertencido a soldados franceses envolvidos nesse conflito de fronteiras.
A atitude dos descobridores foi elogiada pelo superintendente do Iphan no Amapá, Michel Flores. “Quando se encontra um vestígio arqueológico, segundo a legislação, deve-se informar o Iphan. Além de garantir a preservação, isso contribui para a construção da história regional e nacional”, destacou.
A peça foi oficialmente doada ao Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva em cerimônia realizada no último dia 27 de maio. A incorporação desse artefato vai enriquecer as atividades de educação patrimonial e museal desenvolvidas pelo Iphan no Amapá.
O terçado francês estará em exposição a partir de novembro e será uma das peças centrais da mostra sobre o passado militar e colonial da região.